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Quem acompanha meu blog sabe que eu tenho uma filha. Minha filha é minha companhia preferida, e aprendo muito com ela. Somos muito unidas e conversamos muito, sobre tudo. E no começo desse ano tive que conversar muito com ela sobre amizades e escolhas. Não, minha filha nunca teve dificuldade em fazer amigos, muito pelo contrário: ela é daquele tipo bem extrovertido, que faz amizade com todo mundo. E foi justamente esse o problema.
Minha filha está crescendo e entrando naquela fase em que as meninas começam a fazer “panelinhas”, rodinhas exclusivas com poucas meninas. E suas amigas começaram a exigir a “exclusividade da sua amizade” (aquela conversinha que acredito que a maioria das mulheres já ouviu no início da adolescência: “ou você é amiga dela, ou é minha”). E começaram a brigar com ela para que escolhesse de quem ela é amiga. Mas e se ela quisesse ser amiga das duas?
Tudo isso me lembrou situações similares que vivi na minha adolescência. Conversando com minha mãe, ela também contou que teve problemas parecidos. Enfim, é um ciclo que se repete, um looping eterno. E eu só consigo me perguntar “por quê”? Por que tem que ser assim? Essa eterna visão de que os meninos podem ter a amizade de um time de futebol inteiro, mas que as meninas devem ter no máximo duas amigas? De que as meninas devem ser estar sempre competindo – a atenção dos homens, a coroa do baile, o título de mais popular ou mais bonita?
A resposta é, simplesmente: não tem que ser assim. Isso é um paradigma que deve ser rompido. Nós, mulheres, não somos rivais, somos irmãs. Não devemos competir umas com as outras, mas ajudar umas às outras. Esse é o conceito de sororidade. Sororidade é um substantivo que representa a união entre as mulheres em várias dimensões da vida e reflete de maneira exata a expressão "não somos concorrentes, somos irmãs".
Muitas vezes nós julgamos outras mulheres pelo modo de se vestir, ou mesmo de falar e de se comportar. E isso é fruto justamente dessa visão deturpada de eterna competição feminina, daquele velho papo furado (e mentiroso) de que “uma mulher não pode ser amiga de verdade de outra mulher”. Precisamos lembrar que quando fazemos isso, nossas filhas estão vendo e absorvendo tudo. E elas vão reproduzir isso. E mais importante ainda: todas as mães devem ter em mente que são mulheres, que suas filhas são mulheres, e que quando reproduzem esse comportamento, vão perpetuá-lo e ser vítimas dele também, inevitavelmente. Sim, devemos ensinar nossos filhos também a respeitar as mulheres (isso é fundamental). Mas o post de hoje é dedicado especialmente às mulheres.
Quando você atinge uma mulher, você também atinge a si mesma. Se você tem uma filha, estará atingindo-a da mesma forma. E isso tanto para o bem como para o mal. Se você perpetuar esse comportamento preconceituoso, está aumentando as chances de sofrer com ele. Agora, se você quebrar esse ciclo, esse paradigma, e começar a mudar esse comportamento, buscando não julgar as outras mulheres, não competir, não rivalizar, mas se solidarizar, tenha certeza que isso se refletirá em sua vida de forma positiva também.
Eu acredito na amizade feminina sim. Tenho boas amigas. Poucas, é verdade, mas as que tenho são verdadeiras e preciosas pra mim. E vejo muitos outros exemplos de amizades femininas sinceras em vários lugares. Minha filha, no final, escolheu ficar sem as duas amigas e fazer amizades novas. Hoje está até ajudando outras duas meninas que se sentem excluídas em sua sala, porque sabe como se sentem. Isso é sororidade.